Thiago Martins: "Tenho apenas 19 anos. Não sei se amei de verdade"

No filme "Era Uma Vez", o ator Thiago Martins vive um garoto trabalhador, morador do morro, que se apaixona e faz loucuras por uma menina de classe média

O personagem de Thiago Martins, Dé, mora no morro do Cantagalo, no Rio de Janeiro, vende cachorro-quente na calçada da praia de Ipanema e busca um caminho alternativo à vida do crime.

Durante um dia de trabalho, ele conhece Nina, interpretada por Vitória Frate, uma menina de classe média que mora em frente à barraquinha dele, num luxuoso apartamento com vista para o mar.

O amor dos dois é impedido pelo pai de Nina, que proíbe a filha de ir à favela fazendo com que os dois lutem para ficar juntos. É essa a história de "Era uma Vez", filme dirigido por Breno Silveira (de "2 Filhos de Francisco"), uma espécie de Romeu e Julieta ambientado no Rio de Janeiro.

Em entrevista para a CAPRICHO, o protagonista Thiago Martins, que também já atuou em Cidade de Deus e na novela Belíssima, fala sobre a luta por um amor, seu personagem e a vida fora das câmeras.

Eu vi o filme e achei uma loucura o que os dois personagens fazem para ficar juntos. Até onde você, Thiago, chegaria por um amor?
Não sei... Tenho apenas 19 anos. Não sei se amei de verdade. Eu já me apaixonei muito, já amei pessoas, mas não sei até que ponto eu chegaria. É difícil responder isso.

Você vê semelhanças entre você e o Dé, seu personagem? A minha grande semelhança com o Dé é que ele é muito trabalhador, uma coisa que eu sou também. Comecei a trabalhar muito cedo, com 6 anos de idade. Já comecei trabalhando no grupo de teatro Nós do Morro, do qual faço parte há 14 anos, e também sou sonhador, reservado, quieto assim como o Dé.

No filme você é vendedor de cachorro quente. Você já fez trabalhos assim parecidos?
Já vendi muita coisa na praia quando eu tinha 14, 15 anos, com um grande amigo meu, o Tande. Foi uma coisa muito mais pra tirar onda, do que para trabalhar. Ficar no posto 9, em Ipanema, na praia, era e é um local que eu amo ficar, beber água de coco, conhecer pessoas novas. Aí comecei a trabalhar na praia com ele. Foi incrível.

Qual é a sua história de amor preferida?
Eu acabei de ver O Caçador de pipas, que não é o amor entre uma mulher e um homem, mas sim entre dois amigos. Fala sobre amor de amizade. Eu gosto muito também de Ghost - Do outro lado da vida, que é um amor incrível. São dois que eu gosto muito...

O seu personagem em Era Uma Vez convive com a criminalidade, mas é honesto, trabalhador, lutador... Você gostou de retratar alguém assim?
Eu sou morador do Vidigal, eu tenho essa alma, eu tenho toda uma bagagem de trabalho, de honestidade, de respeito com as pessoas, e o Dé também tem isso. É um dos primeiros filmes que eu vejo que mostra o que passa na cabeça de um jovem trabalhador e não de um jovem traficante ou de um jovem policial, sabe? O filme fala dessas pessoas honestas, que querem o bem, que estudam, que trabalham, que são sensíveis. Enfim, eu gosto disso.

Você fez 3 novelas na Rede Globo e atuou em muitas peças. O que é mais legal? Filme, televisão ou teatro?
A televisão e o cinema foram conseqüências do meu trabalho no teatro. A televisão é uma indústria. Ela trabalha o tempo inteiro. Você grava 35 cenas por dia e o cinema você demora um dia por gravar uma cena. Mas eu gosto dos três. Mas o teatro eu cresci fazendo. É o que sei fazer de verdade.

O que você gosta de fazer quando não está trabalhando?
Quando eu tenho tempo, gosto muito de jogar bola. Como todo brasileiro amante do futebol, meu sonho era ser jogador profissional...

E você chegou a tentar? Eu já joguei no Flamengo, no Botafogo, quase fui pra Portugal jogar bola, mas surgiu o convite pra novela Da Cor do Pecado, minha primeira novela, eu tinha 15 anos. Aí fiquei aqui e realizei outro sonho: o de ser ator.

fonte: site Capricho